quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Não quero ouvir isso...

Certa vez li sobre a história* de um homem que depois de muitos anos resolveu procurar seu professor. Esse homem havia sido seu aluno por muitos anos e pela inspiração de vida que aquele professor havia sido, seu aluno resolveu seguir alguns de seus passos, transmitindo assim muitos, senão todos os ensinamentos que havia ouvido e absorvido. 
O professor estava ansioso pelo reencontro, depois de tantos anos longe do seu esmerado aprendiz.
Então marcaram no escritório daquele professor o tão esperado reencontro.
Assentado em sua cadeira estava o professor, e ao abrir da porta, entrando está seu aluno, agora um homem formado, casado e aparentando ter percorrido algumas milhas nesta vida.
Depois de gentilmente se cumprimentarem, com um bom sorriso no rosto, o simples professor pergunta: 
- E então o que te trazes aqui?
Logo seu esmerado aluno abaixa todo seu corpo até o chão e retira de sua maleta um caderno. E ao abri-lo apenas uma frase sai de boca em meio as lágrimas que escorrem em seu rosto. 
E tal pergunta soou: Por que você mentiu para mim?
( *Essa história foi sutilmente adaptada e resumida para facilitar o entendimento do texto abaixo.)

A história acima aconteceu entre um professor de bíblia e seu dedicado aluno dominical. No entanto, não devemos querer ouvir o que aquele professor ouviu, e talvez você me fale: "Mas não deu para entender o que a história em si quis transmitir." E eu te digo que tinha um propósito em não relatá-la por completo. A história é simples. Aquele professor havia passado um conteúdo superficial o chamando de profundo, havia repetido o que sempre escutou também, porém aquele aluno cresceu, desenvolveu, resolveu "cavar" e acabou descobrindo mais e mais coisas. Apesar de ser rápida, essa história reflete aquilo que eu não gostaria de ouvir daqui alguns anos e por isso tenho escrito textos que não são "afrontistas", "parciais", e ou "indutivos", mas sim textos que propõem uma melhor exposição do que comumente chamamos de Palavra de Deus.
Estou na caminhada cristã há algum tempo, e já ouvi, repeti, já ouvi e me calei por muitas coisas e pontos de vistas diferentes. Cresci aprendendo que existem outras linhas de pensamento e talvez seja por isso que ouvir outras formas de pensar não fira tanto o que eu creio. Talvez seja por isso que  ouvir o ponto de vista de outras pessoas sem tentá-las impôr algo seja mais fácil para mim hoje.
Contudo não quero ouvir daqui alguns anos o que aquele professor teve que ouvir. Portanto, tenho me esforçado para aprender a transmitir um conhecimento sem que tenha o meu "consentimento teológico", pois tenho descoberto que a palavra de Deus por si só é suficientemente capaz de envolver o homem sem que tenha algum artefato colocado por mim.  Tenho visto uma nova geração de pessoas que vão até as igrejas, salas dominicais e cadeiras de escolas bíblicas com uma sede e fome genuínas em busca do "conhecer" a Deus e por isso creio que se pode anunciar não um ou outro ponto de vista, mas sim a simplicidade da palavra aos ouvintes.
Não se pode ensinar para gerar guerreiros, ensinamos para gerar novos "mestres", afinal um guerreiro entra em constantes conflitos, enquanto o professor apenas se alegra em despertar o melhor das pessoas.
Creio que podemos ter igrejas onde as pessoas saibam o porquê de acreditarem no que acreditam, não por terem uma lista de versículos decorados e/ou pré-preparados para "balear" quem vier a frente. 
Acredito em igrejas inteligentes, doutas e amorosas com suas palavras. Pois quando ensinamos as pessoas a entender o que creem em seus respectivos contextos (histórico, cultural e social), trazemos à essas pessoas a vida e significado que devem acompanhar o ensino que transmitimos.
Precisamos preparar as pessoas para entrarem convictos em conversas maravilhosas e desafiadoras que estão sendo propostas pela sociedade moderna, mas jamais sendo intolerantes; amorosas, mas nunca barganhadoras; com princípios, mas nunca empurrando ninguém ao precipício da culpa.
Assegurar as pessoas que estamos usando a bíblia como um cobertor em meio ao frio da vida, como ponte sobre o turbulento rio das emoções, como farol em meio ao gigante oceano chamado eternidade; e não como uma espada que fere ou como martelo que esmaga.
Urgentemente precisamos sustentar o que cremos com humildade mas sendo transmissores de uma boa reflexão teológica.
E assim finalizado com uma frase que veio em minha mente, e que ressalta algo desafiador:
" Que sejamos cautelosos para não usarmos erradamente, envenenar ou arruinar a beleza, e mesmo as ocasionais bizarrices, da bela e misteriosa e inspirada Palavra de Deus" - Dan Kimball

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Sincretismo?

" Não posso dizer que todos os caminhos levam à Deus, mas posso dizer que as pessoas nos caminhos estão a procura Dele."
           
      Rafael Elian



Após meus últimos textos postados aqui no blog algumas pessoas podem chegar a pensar que estou sendo influenciado por alguma literatura das quais leio, ou então que estou sendo influenciado por alguém. Bom, a verdade é que não estou passando por nenhuma destas coisas citadas acima, mas simplesmente escolhi escrever sobre algumas maneiras que a Igreja vem sendo tratada.
Se ao ler os textos anteriores você pensou que sou sincretista, estou aqui para dizer em primeira mão, eu NÃO SOU e nem pretendo ser, pois SINCRETISMO tem como significado : Sistema filosófico ou religioso que tende a fundir numa só várias doutrinas diferentes; ecletismo. 
E eu não estou aqui para unificar ou fundir tudo num só pote, mas estou aqui para simplesmente tentar abrir os olhos de quem tem acesso ao blog, pois viver da forma que muitas pessoas veem vivendo, se intitulando convictas mas que na verdade são intolerantes, outras achando que sua singularidade religiosa é o caminho para todas as pessoas, e que ser tratado como produtos em série é algo benéfico, pois então, estou aqui para dizer mais algumas coisas que vejo serem importantes se realmente queremos representar Deus na Terra e não um sistema.
Certamente creio que nem todos os caminhos levam a Deus, da mesma forma que sei que todas as estradas brasileiras não me levam à Brasília. Mas tenho um grande sentimento dentro de mim de que as pessoas que estão nestas estradas indo à Deus, estão seriamente a procura Dele, e eu, ou melhor, nós podemos ser boas e excelentes placas indicativas, não desvios para o caminho "certo".
É isso mesmo, "desvios", pois muitos se acham verdadeiros donos da "verdade" e que "seguindo-os"  ouvirão tudo sobre a "verdade" e prosseguirão pela estrada correta. 
Sabe, discursos após discursos só mostram boas retóricas, e não uma resposta saudável que gerará vida no ouvinte.
O que quero dizer é que não podemos usar a apologética de fé que temos como ferramenta para ajustar pessoas, pois essa função de ajuste apenas o próprio Deus pode fazer. Mas tenho uma grande certeza de que se ao invés de quererem formar "robôs" , quiserem formar pessoas que saibam o que são, querem e estão indo, precisamos responder às pessoas nestas estradas de maneria lógica, compassiva, inteligente,amorosa e responsável.
Pois não podemos usar o que Jesus disse, e dar às suas palavras um significado próprio que visa controlar o público ouvinte.
Não podemos tratar as pessoas do século XXI como seres idiotas e que não procurarão saber das coisas como elas são, hoje a informação está ao alcance de dedos, hoje temos respostas em apenas um clique ou "touch", então meu caro leitor, sendo você leigo ou parte de algum clero, saiba apresentar as pessoas seus argumentos, procure responder ou invés de impôr, se ponha no lugar do outro e reveja suas palavras, então e apenas então entenderá que o que venho escrevendo não indica um sincretismo religioso e sim uma vida "religiosa" inteligente, amorosa e mais representativa sobre quem Deus realmente seja.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Industrialização...religiosa

" O Cristianismo nasceu no oriente médio como religião, mudou-se para a Grécia e tornou-se filosofia, 
transferiu-se para Roma e virou sistema jurídico, espalhou-se por toda a Europa na forma de cultura e, quando migrou-se para as Américas, transformou-se num grande negócio."        Historiadores da Religião




Inglaterra, século XVIII, um "novo mundo" "nasce", começa a era da industrialização, grandes empresas começam a produzir de tudo e com tudo, mas agora existe algo "novo", agora uma cadeira que antes demoraria uma semana para ficar pronta, em horas, centenas delas já estariam ali, disponível e "acessível" à todos, os produtos agora serão "barateados", "todos" agora terão acesso, poderão ser, ter e poder todas as coisas. 
Há quem diga por aí nas esquinas da história: 
- UAU!!!! Que isso, sério? Poderei ser, ter e poder todas as coisas que sempre sonhei? 
E então outrem responde: - claro, agora tudo está mais barato, assine aqui seu carnê de prestação, assine aqui na linha pontilhada deste contrato de empréstimo, ou então, claro, mas é claro que sim, seus sonhos estão aqui bem à sua frente, porém, basta passar seu cartão e tudo estará a sua disposição, o que, como e quando quiser.
É, a narrativa acima parece falar das grandes marcas de roupas, construtoras, magazines, e lojas de móveis, mas o triste é que estou falando de algo que deveria ser mais simples, visto de forma mais amorosa e mais aceitável pela sociedade, hoje falarei da industrialização religiosa.
Há quem pense que isso não exista, mas tentarei mostrar em palavras o que se sucede nos bastidores do mundo moderno.
Pessoas correm de igrejas, sinagogas, capelas, lugares que professem algo referente a Deus, pessoas estão "abandonando" a "fé".
Caro leitor, algo me deixa completamente irritado, por que chegamos onde chegamos? Por que somos o que somos? Por que somos vistos como câncer e não como cura? Por que somos repelidos ao invés de queridos?
Bom, tais perguntas talvez serão respondidas pelo Autor de tudo isso um dia, enquanto isso eu me limito a transparecer para vocês o que meus olhos vêem...
Fala-se tanto em plataformas que Deus criou cada UM, que tem plano para cada UM, que Ele olha do céu e só VOCÊ, mas apesar deste discurso tão simplório e "apaixonante" sempre vem algo, sempre tem um dedo de industrialização. Pois depois destas belas palavras o que se ouve é um monte de frases do tipo: faça assim, pense assim, É assim, observe isso aqui na palavra de Deus, olhem isso é a palavra de Deus para nós hoje, ajam desta forma, por favor vocês precisam crer assim, é assim que as coisas funcionam....
Sabe, o que vejo são um monte de palavras "industriais" vejo como se cada pessoa ali tivesse um número de série e que deveria pensar,agir e falar da mesma forma, caso contrário está com defeito de fabricação.
Eiiiii espere, parem tudo, se essas pessoas não podem ser tratados como UM, como foi proposto no início do discurso ou da história, porque usam as palavras um, único e singular? Ah, já sei queriam na verdade ter mais pessoas nas suas "companhias" neh? Afinal uma grande "indusgreja" é alvo de Deus, é isso que Ele quer, quer grandes templos, grandes ajuntamentos, ops...tropecei aqui... ops...achei um livro... o nome dele é engraçado: Bíblia, que nome estranho, pera ai, vou abrir, ops..achei um texto de um autor estranho Atos capítulo 17 verso 24 - "O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há é o Senhor do céu e da terra, e não habita em santuários feitos por mãos humanas. 
Mas enfim, aqui chegamos, estamos sendo tratados como produtos feitos em séries, estamos disponíveis, somos acessíveis, FOMOS barateados e o nosso preço foi resumido à : um punhadinho de vontade de conhecer o Criador. Mas para valorizar a "mercadoria" e então mostrar que a indústria tá crescendo, nos colocaram um bocado de fermento ( frases, temas, livros, músicas, luzes, cadeiras, e telas grandes ). 
E dizem :Olhem, agora você é, você tem e você pode, pois TODOS nós chegamos até aqui assim, venha e receba seu selo de garantia.
Me perdoem por usar palavras tão duras, mas é que hoje não dá pra falar sem ser transparente, Deus ama a CADA UM como É, respeita o espaço e vida PESSOAL de cada um. 
Quem me conhece pessoalmente sabe o quanto eu sou apaixonado pela Igreja, por pessoas e por Deus, mas certamente não sou mais apaixonado pela industrialização religiosa, o que quero é ser um belo aprendiz de Deus, aprendendo a ver a sua obra prima, o homem, (Gn 1:26) como apenas UM, e mesmo que sejamos muitos reunidos num lugar para cultuá-Lo, jamais me acostumar com a ideia de que todos devem pensar, falar e agir como eu, mas que como um obra prima do Deus amoroso, eles possam viver, aprender, errar, acertar, cair, levantar, mas tudo isso sustentado não pela garantia da indusgreja", mas pelas mãos do seu Criador e seu fiel ajudante chamado Jesus.
Se você que lê esse texto já se decepcionou com algum credo religioso, te peço humildemente que tente se relacionar com Deus novamente, chame por seu ajudante ( Jesus ) e deixe que passo-a-passo vocês possam se redescobrir.
Afinal, você e eu somos diferentes certo? Por que seríamos moldados todos iguais e seríamos tratados em série?
Viva a sua singularidade.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Cultura Pluralista

"Quando lhes contei que eu mesmo era um cristão, pareceu que eu havia acabado de dizer que tinha uma doença em estágio terminal e que sentiam empatia por mim, como se pensassem: "ah, isso é péssimo, coitado, coitado mesmo deste rapaz." 
                       Dan Kimball

Hoje estou aqui para falar sobre o trecho citado acima. Não quero ser ofensivo e nem usá-lo para criticar linhas de pensamentos, porém, gostaria de falar sobre o que muitas vezes ocultam-se em plataformas religiosas.
A verdade é que "programar" pessoas para que elas pensem, repitam e afirmem sua "fé" é bem mais fácil do que investir tempo ensinando-as a como transmitirem de forma amável, tranquila e não imposta, o que vêem sobre Deus.
O que posso perceber ao conversar com uma pessoa, principalmente se ela for um cristão-protestante, é que sua "fé" é a certa e as outras são erradas, cheias de demônios e heresias bíblicas, e sabem, como isso soa bem aos ouvidos (deles), mas o mundo em que vivemos no século XXI é de um povo de cultura pluralista, ou seja, temos vizinhos mórmons, ateus, católicos romanos, budistas, espiritas, bruxos e por ai vai, afinal, são tantas as formas de se declarar fé que o homem encontrou, que acabaríamos com as linhas deste texto se assim fôssemos citá-las. O que vejo é que os que se dizem cristãos-protestantes acabam sempre tendo a mesma retórica dogmática, pois parecem estar mais interessados em forçar as pessoas a aceitarem o "seu Deus" poderoso, do que ter uma conversa bidirecional, onde poderão não apenas falar e impor-se, mas ouvir e aprender.
Acabamos nos tornando ignorantes tanto no que cremos quanto no que os outros creem. Precisamos entender que uma fé burra, cega, papagaio (que só se repete o que dizem nas plataformas) e idiota (pois assim somos vistos por grande parte das pessoas em nossa cultura pluralista) não fará com que ninguém conheça a Deus.
Sei que muitos que estão lendo esse texto podem pensar que me esqueci do que diz a bíblia, em que vemos apenas um único Deus (Dt. 6:4 e Is 45:5) e que Jesus é o caminho que te leva a Ele (Jo 14:6 e At 4:12), mas não estou colocando isso em discussão, estou pontuando o que tem sido feito com a mente das pessoas que estão nas quatro paredes de uma igreja, sinagoga, capela ou o nome que quiser dar.
Precisamos encarar que argumentos velhos, inúteis e frases de efeito tem sido repassadas como se fossem a resposta que a sociedade precisa ouvir.
Cheguei certa vez a ler a seguinte frase de um pastor: "não se preocupem com o que pensam sobre nós, se somos os certos, Jesus é isso, a bíblia é aquilo...." e no meio da frase eu já estava pensando no que ia comer e não na importância que aquilo teria para mim.
Sabe, pessoas tem opiniões e ouví-las seria a melhor maneira de amá-las.
Não importa onde você está no mundo agora lendo esse texto, VOCÊ vive numa cultura pluralista, ou seja, está inserido no Areópogo moderno, e se falando em Areópogo, vale lembrar que Paulo o apóstolo neo-testamentário soube falar diante de um. Usou palavras, frases e argumentos inteligentes ao se dirigir ao público presente naquele momento (At 17:16-34), levando-os a amar a Deus e reconhecer o que Jesus fez.
Ah, por sinal quero ressaltar que Paulo usou de INTELIGÊNCIA para transmitir algo à aquela cultura pluralista.
Não devemos ter um discurso perturbador para que as pessoas nos deem ouvidos, precisamos mudar a forma que somos vistos pela sociedade em que estamos, precisamos aprender a não ser "políticos-brasileiros-religiosos" (apesar de grande, gostei dessa definição que acabo de usar , rsrs) mas é assim mesmo, onde procuramos defender apenas nossos interesses e do "grupo" que fazemos parte.
Caso não saiba, em muitos países somos vistos como um "câncer" e chega-se a ouvir nas ruas a seguinte frase, quando um vizinho comunica ao outro que agora é um cristão: "ah não você agora é um deles".
É... acho melhor parar por aqui hoje, pois já falei coisas demais, mas termino meu texto de hoje dizendo à você algumas coisas que julgo serem vitais para que a Igreja continue a sua missão:
- vivemos numa cultura pluralista.
- pessoas não querem ser chamadas de demônios.
- pessoas querem algo além de convicções dogmáticas advindas de uma boa retórica.
- igreja é hospital, e hospital que nega socorro, é julgado.
- é necessário valorizar mais a aprovação de Deus do que a aprovação do clero.
- não importa quem esteja na sua frente e o credo que professe, Deus tem algo importante para fazer na vida dela, e , se você partir deste ponto de vista numa conversa poderá traçar um belo relacionamento com essa pessoa.
Portanto, não importa seu credo, suas convicções (intolerâncias) e fé, os homens se harmonizam quando outros homens tem a capacidade de se relacionar sem se imporem, esmagarem ou insultarem uns aos outros, seja por "religião", "dinheiro" ou qualquer outra coisa.


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Convictos ou intolerantes?


"E se Jesus se apresentasse às pessoas de uma forma diferente do que todos dizem que ele se apresentaria?"
              Pr. Rafael Elian

"A bíblia não é um livro de regras,apesar de contê-las, não é um livro de punição,apesar de citá-las, mas sim uma carta de amor de Deus para a humanidade.

              Pr. Rafael Elian


Ao ver uma luz acessa no fim do túnel desta estrada chamada vida religiosa, nasceu em meu coração o desejo de escrever e deixar registrado algumas coisas que vejo.

Hoje, quem escreve é alguém que escolheu sair da fôrma em que foi "colocado", alguém que sabe que é apenas uma gota neste imenso oceano chamado "crenças". A verdade é que já a alguns anos, minha mente vem gladiando uma imensa batalha todos os dias, pois, as convicções que outrora me ensinaram, estavam deixando de serem vistas por mim como convicções e ganhando um formato de intolerância, afinal, todos os que não pensavam, professavam ou concordavam com o que eu dizia eram tidos por mim como errados.
Ao ler isso alguns podem pensar: "ele se desviou da fé, ele esfriou na fé", mas posso afirmar que pelo contrário, hoje talvez eu esteja mais firme do que antes e mais "quente" do que nunca.

A "igreja" criou um círculo de "perfeições", os quais todos os seus adeptos acabaram tomando para si e assim, escolas bíblicas ao longo dos séculos vêem propagando tudo acerca deste círculo de "perfeições", onde os errados são punidos, os que persistem no erro são banidos, e os que não "conseguem se enquadrar nas regras logo são marginalizados. Então, chegamos aonde chegamos, temos um alto índice de pessoas que se intitulam ex-cristãos, e agora os estudiosos da bíblia dizem que tais pessoas não tiveram um real encontro com Deus. E querem saber?! Concordo com eles, afinal, quando uma pessoa se achega à Igreja, ao invés de se apresentar Jesus (seu amor, sua misericórdia e Graça), apresentamos Jesus (o salvador do inferno) e logo em seguida nossa caderneta de regras que julgamos ser a melhor maneira de se achegar à Deus. Pegamos as tais convicções de fé e dizemos: "isso, isso e isso é o que Deus espera de você, faça isso, isso e isso e assim você estará mais próximo de Deus, siga esse, esse e esse passo e assim viverá tudo que Deus tem para sua vida", logo, despejamos um caminhão de LIXO, repito, LIXO religioso que nada mais faz do que tirar as pessoas do lamaçal do pecado e afogá-las no sub-mundo "cristão", onde estarão realmente "salvos" de si mesmos e do mundo. A partir daí, desenvolvemos uma enorme gama de estratégias para ganhar vidas para "Jesus", ou melhor dizendo ganhar vidas pensando na meta de fiéis que queremos.

Sabe, nos tornamos tão "convictos" de que somos a igreja certa, o credo certo, o caminho certo, que nos esquecemos de quem somos. Falamos tanto sobre santidade, fidelidade,castidade, prosperidade, sucesso, perfeição que nos esquecemos de quem somos. Não conseguimos enxergam que as "convicções" se tornaram intolerância. Tornamo-nos juízes de pessoas, de atitudes e esquecemos da missão.

Sabe caro leitor, assisto a muitos e muitos filmes de guerra, e algo me chama atenção, o fato de TODOS os soldados que são nomeados ou se voluntariam para uma missão saberem que a vida deles pouco importa desde que a MISSÃO seja cumprida com êxito.
Nossas convicções (intolerâncias) tem nos afastado de pessoas, e posso te provar isso. Temos inúmeros "cultos" semanalmente onde "ensinamos" (coloquei entre aspas ensinamos porque alguns manipulam mentes) as convicções que temos de ter e assim, saem dali vários convictos sobre tudo, porém, intolerantes com tudo e todos que se dizem não adeptos ao mesmo credo que aprendem semanalmente.
Não estou  aqui dizendo que todos os caminhos levam a Deus, não estou negando meu amor imensurável por Jesus, minha paz abundante na Palavra de Deus, apenas estou jogando para fora o que a igreja tem se tornado, intolerante.

Abaixo quero colocar declarações de duas pessoas, uma tem grande importância no mundo e a outra talvez seja apenas um desconhecido para você:

- Você pode ter sido criado na igreja,pode ter sido batizado na igreja, pode ter servido na igreja, pode ser que tenha casado na igreja, morrido na igreja e ainda assim acordar no inferno, caso você esteja meramente na igreja e não em Cristo. ( Papa Francisco, Vaticano, 2013 )

- Por que os cristãos agem de maneira tão terrivelmente hipócrita e farisaica quando nos dizem que são a única religião verdadeira e que todas as demais crenças estão erradas? Eles mostram uma atitude do tipo: " Meu deus é maior dos deuses no quarteirão e pode acabar com o seu deus". Não enxergo essa atitude naquilo que conheço de Jesus. ( Penny, EUA, 2007)

Precisamos nos reinventar como representantes de Deus, precisamos aprender a ser mais tolerantes com as pessoas, precisamos mudar nossas atitudes, precisamos parar de pensar em prédios e contas e pensar em pessoas. Creio que os homens precisam mais de outros seres humanos do que de estruturas bem elaboradas, creio que podemos usar convicções para gerar seres melhores para si mesmos antes de serem melhores para instituições religiosas, creio que podemos amar as pessoas sem uma lista "oculta" e secreta de passos que tal pessoa terá que seguir se quiser continuar no nosso meio. Penso, apenas penso, que a 3ª guerra mundial já começou e nome dela é: SOU CONVICTO SOBRE MINHAS CRENÇAS.

Se você que lê esse texto pertence ao protestantismo, catolicismo romano, budismo, exoterismo, ocultismo, espiritismo, ou qualquer outra crença, reflita e reveja suas convicções (intolerâncias).